Pela primeira vez, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, pertencente à rede estadual e gerenciado pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde), realizou, na manhã desta segunda-feira (27), de forma inédita, uma cirurgia de rizotomia dorsal seletiva – procedimento para tratamento da contração involuntária dos músculos – em uma criança de quatro anos com paralisia cerebral.
Desde que nasceu, a criança foi diagnosticada com paralisia cerebral espástica. Devido a espasticidade (alteração no tônus muscular que se manifesta como uma rigidez exagerada), ela recebeu a indicação para a realização da cirurgia de rizotomia dorsal seletiva para que possa ter mais mobilidade nos membros inferiores, facilitando a reabilitação motora.
A mãe da paciente, Maria da Luz Lisboa, afirmou que a expectativa da família é que a criança tenha mais qualidade de vida. “Mesmo com a paralisia cerebral, ela tem o cognitivo muito bom, sabe pedir quando está com fome, consegue se comunicar com a gente. Mas como ela não anda e nem senta, fica muito dependente da gente. Acredito muito nos planos de Deus e tenho fé que depois da cirurgia a minha filha vai ter mais qualidade de vida”, disse confiante Maria da Luz.
Segundo o neurocirurgião funcional e coordenador do ambulatório de Neurocirurgia Funcional do Hospital Metropolitano, Emerson Magno, o procedimento consiste na inativação de parte dos nervos (raízes), que conectam os músculos à medula, sendo feita através de microcirurgia, com uma incisão pequena. As raízes são subdivididas em radículas menores, e estas são estimuladas uma a uma por meio de uma técnica de monitorização neurofisiológica intraoperatória, com a finalidade de detectar as radículas a serem seccionadas, otimizando o resultado.
O especialista explicou também que a cirurgia tem o objetivo de “reduzir a contração muscular involuntária dos membros inferiores e facilitar a marcha da paciente”. Ainda conforme Emerson, a rizotomia é indicada para crianças entre 3 e 9 anos, mas também pode ser feita em adultos quando há algum tipo de lesão medular.
Em 2023, o Hospital Metropolitano foi habilitado pelo Ministério da Saúde como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Neurologia/Neurocirurgia, autorizado para realização de serviços de assistência de alta complexidade em neurocirurgia do trauma e anomalias do desenvolvimento; neurocirurgia da coluna e dos nervos periféricos; neurocirurgia dos tumores do sistema nervoso; e neurocirurgia vascular.
Para ter acesso ao serviço ambulatorial, a coordenadora do Ambulatório, Patrícia Monteiro, explicou que o paciente precisa ir à uma unidade de saúde de qualquer município paraibano e receber o primeiro atendimento. A unidade emitirá uma Autorização de Procedimentos Ambulatoriais que será levada para a regulação municipal. A Regulação Municipal enviará um e-mail com a solicitação para Regulação Estadual que irá agendar o atendimento no ambulatório do Hospital Metropolitano.
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