Quando a pandemia obrigou a escola a migrar para o mundo virtual, uma luz amarela acendeu para quatro estudantes da Escola Técnica Estadual (Etec) Ferrucio Humberto Gazzetta, de Nova Odessa. Se o desafio de adaptação seria grande para alunos e professores, como seria para pessoas surdas?
Desse questionamento, surgiu o tema para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e a ideia de criar um software que contribui para inclusão de pessoas surdas no ensino remoto.
“Estávamos pensando em fazer algo inovador para o nosso TCC, e que agregasse algo para a sociedade”, conta Henrique Eulálio, aluno do terceiro ano do curso técnico de Desenvolvimento de Sistemas integrado ao Ensino Médio, que trabalhou junto com os colegas Arthur Minoti, Eduardo Longhi e Adriano Carvalho. Inicialmente, a ideia era ainda mais ambiciosa: promover a inclusão de pessoas com deficiência em geral nas aulas e reuniões online. Mas diante do tempo reduzido para desenvolvimento, eles optaram por se concentrar em ajudar as pessoas surdas e, então, nasceu o Deaf Talk.
O projeto foi inscrito no Prêmio 3M e chamou a atenção dos avaliadores, que deram ao grupo o terceiro lugar na categoria Engenharia. De acordo com Henrique, o software não precisa ser instalado e o acesso é feito por meio do navegador local do computador. Ele explica que a tradução da fala para libras é feita por um programa em Java Script (linguagem de programação de aplicações) e acontece de forma simultânea.
“Enquanto o apresentador fala pelo microfone, o programa transforma a fala em legenda e, depois disso, a legenda é transformada para o alfabeto em libras”, explica Henrique. “Por enquanto, a interface é feita apenas para desktop, entretanto, a adaptação para o mobile é uma de nossas metas para o futuro”, planeja.
Autonomia
“Os estudantes atingiram as competências e habilidades que são solicitadas pela grade de Desenvolvimento de Sistemas, utilizando todas as ferramentas oferecidas pela escola”, afirma a coordenadora do curso, Simone dos Santos Medeiros Lacerda.
O reconhecimento da 3M foi importante e agora os jovens planejam participar de outras feiras e competições. “É muito gratificante, pois isso é reflexo do nosso desempenho durante o ano e nos anima a continuar buscando conhecimento e tentando agregar melhorias para a sociedade”, afirma o estudante.
Por enquanto, seguem trabalhando para aprimorar o software com transição dinâmica da fala para libras e aumento de participantes na reunião. E como o home office deve seguir como tendência, eles pensam em expandir o projeto. “Acreditamos que a ferramenta tem potencial para ir além da sala de aula, mas também atender reuniões de trabalho e outras necessidades”, explica Henrique.
Confira aqui a demonstração da ferramenta, apresentada pelo estudante Arthur Minoti.
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