Consolidado como referência de alta complexidade em cardiologia e neurologia adulto e infantil, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, pertencente à rede estadual de saúde, realizou mais um procedimento inédito na Paraíba, na rede SUS, utilizando tecnologia recém-chegada ao Brasil e salvando a vida de mais um paraibano. O caso aconteceu na sexta-feira (28), quando a unidade hospitalar gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde) implantou um marcapasso endocavitário transcatéter (leadless), que, diferente do marcapasso convencional, não possui cabo eletrodo e é implantado pela veia femoral (a veia da perna). O paciente tem 60 anos e é da cidade de João Pessoa.
De acordo com o arritmologista do Hospital Metropolitano e um dos responsáveis pelo procedimento, Renner Raposo, a implantação desse tipo de marcapasso foi o quarto realizado pela rede SUS no Brasil, sendo dois casos registrados no Rio Grande do Sul, um no Ceará e pela primeira vez no Estado da Paraíba. O especialista explicou que o sistema de estimulação por transcateter cardíaco é uma cápsula cardíaca que é 93% menor do que os marcapassos tradicionais. Ao contrário de um marcapasso padrão, é implantado no coração por meio de uma veia da perna e não exige um eletrodo. O tamanho miniaturizado do dispositivo e a abordagem minimamente invasiva não deixam nenhum sinal visível de um dispositivo médico sob a pele. Isto pode significar menos restrições de atividades pós-implante e a ausência de obstruções de movimento do ombro. O procedimento contou também com a participação dos arritmologistas Daniel Moura, André Queiroga e Julio Silveira.
Ainda segundo o arritmologista, o paciente possuía um bloqueio atrioventricular total, que é uma bradicardia que faz o coração ficar muito lento, mas devido ser acometido também de uma doença renal crônica, necessitando fazer hemodiálise há um certo tempo, fez com que a drenagem dos vasos dos membros superiores fosse alterada e não permitisse o implante do marcapasso convencional, em que uma bateria fica instalada no peito do paciente e possui fios que são introduzidos pela veia da subclávia até chegar ao coração. Dessa forma, tornou-se necessária a utilização do marcapasso endocavitário trasncatéter, que possui uma tecnologia mais avançada e só chegou ao Brasil ano passado.
“Graças a Deus, conseguimos fornecer para o senhor Rafael um marcapasso com a melhor tecnologia. É uma tecnologia nova que chegou ao Brasil no ano passado. Como ele tinha uma obstrução da veia cava superior, que é a veia que traz o sangue dos braços para o coração, a alternativa foi colocar um marcapasso que entra pela veia femoral, a veia da perna. Esse marcapasso é o menor do mundo, não possui fios, tem cerca de dois gramas, no formato de uma cápsula e nessa cápsula de estimulação já tem uma bateria que dura cerca de 10 a 12 anos”, explicou Renner.
Devido a hemodiálise o paciente ainda encontra-se internado na Unidade de Terapia Intensiva Endovascular, mas disse sentir-se bem melhor. Ele afirmou que, antes do procedimento, cansava bastante, não conseguia nem andar direito e depois do marcapasso percebeu uma melhora grande. “Eu cansava muito, até para andar era complicado. Agora estou me sentindo muito melhor, não sinto mais aquele cansaço e não vejo a hora de voltar para casa e poder passear”, relatou o aposentado Rafael Ferreira.
Para o diretor técnico do Metropolitano, Matheus Agra, o Governo do Estado, por meio da Fundação PB Saúde, tem abraçado a causa de fazer o melhor para os pacientes usuários do SUS paraibano, e conseguiu custear essa tecnologia de ponta. “Ficamos extremamente felizes por podermos proporcionar esse tratamento de alta tecnologia para os nossos usuários aqui na Paraíba, sendo o quarto caso de sucesso da rede pública no país”, destacou.
O paciente pontuou também todo o apoio e cuidado que vem recebendo da equipe multiprofissional do hospital. “Só tenho que agradecer a todos os profissionais. Todo o tempo que estou aqui, eles têm cuidado muito de mim, são muito atenciosos e não tenho nada do que reclamar”, elogiou o paciente.
Mín. 23° Máx. 29°