Segunda, 25 de Novembro de 2024
26°

Parcialmente nublado

João Pessoa, PB

Câmara dos Deputados Câmara dos Dep...

Consumidores defendem volta da bula impressa em todos os medicamentos

Projeto em discussão retira da Anvisa permissão para impor bula digital

08/05/2024 às 19h21
Por: Redação Fonte: Agência Câmara
Compartilhe:
Bruno Spada / Câmara dos Deputados
Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Desde 2022, graças a uma mudança na Lei 11.903/09 , a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode determinar que alguns medicamentos não tenham bula impressa - apenas digital, legível por meio da leitura de um código QR impresso na embalagem do remédio. Mas um projeto de lei ( PL 715/24 ) que está sendo analisado na Câmara acaba com essa permissão que foi dada à Anvisa.

As possíveis implicações dessa mudança foram discutidas pela Comissão de Saúde da Câmara com a presença de representantes do Conselho Federal de Farmácia e outras associações e federações do setor.

O representante de um movimento chamado Exija a Bula, Alexandre Rolf de Moraes, demonstrou preocupação com a legislação atual. “A mãe e o pai de quem aqui consegue acessar uma bula digital? Qual a avó tem habilidade para abrir um dispositivo? O movimento Exija a Bula não é contra o meio digital. Nossa vida, parte dela, é no meio digital. Temos que manter os dois meios”, afirmou.

Ele lembrou que o Código de Defesa do Consumidor prevê que o direito da informação não pode ser restrito. A alegação da lei é ambiental, mas ele afirma que as bulas são produzidas por celulose sustentável e o custo da bula impressa é de R$ 0,4 a R$ 0,6 no preço do medicamento. Apesar de a lei estabelecer a possibilidade da bula exclusivamente digital para os chamados medicamentos isentos de prescrição, ainda são medicamentos, e podem provocar intoxicação cruzada e perigo na interação medicamentosa, disse Alexandre Rolf.

Ele também citou pesquisa Datafolha segundo a qual 84% dos consumidores querem manter a bula impressa. Mas o representante da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (Pró-Genéricos), Tiago Vicente, diz que a lei atual não estabelece a extinção da bula impressa.

“Para os medicamentos autorizados a suprimirem as bulas impressas da embalagem deve haver garantias de que a bula física esteja sempre disponível quando solicitada, seja por meio de impressão ou envio de bula avulsa. Ou seja, mesmo que a Anvisa disser, por alguma razão, que tal medicamento prescinde de bula, a pessoa tem o direito de ter naquele local a bula impressa”, explicou.

Já o representante do Conselho Federal de Farmácia, Luiz Gustavo Pires, afirmou que a lei é contraditória e que informações em formato digital não substituem a apresentação do formato impresso. Ele disse que o conselho apoia o acesso amplo e diversificado à bula.

O farmacêutico lembrou que mais de 20 milhões de idosos não estão familiarizados com tecnologia e teriam dificuldades de acessar a bula digital. Além disso, a penetração da internet no Brasil ainda é precária. Apesar de 95% da população ter acesso à rede, apenas 22% têm boa qualidade de conexão.

Inclusão
A Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais confia na Anvisa para a definição de quais produtos terão exclusividade da bula digital. O representante da entidade, Henrique Tada, afirmou que a bula digital é inclusiva para pessoas com deficiência visual e iletrados, com as "videobulas" e "audiobulas.”

“Dessa população de 29,4 milhões de pessoas que não têm acesso à internet, 80% são compostos por pessoas iletradas, não alfabetizadas ou com ensino fundamental incompleto. Essas pessoas já não vão conseguir ler a bula em papel.”

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), autora do projeto que obriga a bula em papel, defende modificação na lei. “Não acho que o letramento, o analfabetismo possa ser argumento para anular a leitura de uma informação. Até porque quem não lê bula impressa não vai conseguir acessar a internet, não vai conseguir fazer nada disso”, argumentou.

O representante do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, Marcelo Polacow, questionou pontos importantes, como quem seria responsável pela impressão da bula a pedido do paciente. Ele citou que o Japão implantou a bula digital e deu dois anos de prazo para adaptação, e defendeu um período de teste. Polacow também falou sobre o risco de ataques hacker e salientou que a cibersegurança é necessária para garantir o que vai escrito na bula digital.

Presente na reunião, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) discordou do Conselho Regional de Farmácia. O deputado foi relator do projeto (PL 3846/21) que deu origem à lei, de iniciativa do deputado licenciado André Fufuca (MA). “Tem que ter o medicamento que tem uma só e tem que ter o medicamento que tem as duas [bulas].”

Uma das deputadas que sugeriu a audiência pública, Alice Portugal (PCdoB-BA) acrescentou que a Anvisa já tem um grupo de trabalho para acompanhar, avaliar e propor mudanças sobre a bula digital de medicamentos.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
João Pessoa, PB Atualizado às 01h05 - Fonte: ClimaTempo
26°
Parcialmente nublado

Mín. 25° Máx. 29°

Ter 29°C 24°C
Qua 29°C 24°C
Qui 29°C 24°C
Sex 28°C 24°C
Sáb 29°C 25°C
Horóscopo
Áries
Touro
Gêmeos
Câncer
Leão
Virgem
Libra
Escorpião
Sagitário
Capricórnio
Aquário
Peixes