Debatedores apontaram, em debate na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (13), a importância de incluir no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) a chamada economia do cuidado. Esse segmento refere-se ao trabalho não remunerado geralmente exercido por mulheres, como a limpeza da casa, lavagem de roupa, cuidado dos filhos, idosos e doentes da família.
"Incluir os cálculos relativos ao trabalho não remunerado de cuidado nas contas nacionais, além de dar visibilidade ao que já vem sendo executado, poderá contribuir para a mudar a concepção da sociedade sobre a importância desse trabalho", destacou a Secretária Nacional de Autonomia Econômica e Políticas de Cuidado no Ministério das Mulheres, Rosane Silva.
Para ela, a tradicional divisão entre o que se considera trabalho econômico e trabalho não econômico resulta de uma intensa marginalização e desvalorização do trabalho de cuidado.
A deputada Luizianne Lins (PT-CE), autora do Projeto de Lei 638/19 , que inclui a economia do cuidado no cálculo do PIB lamentou que somente agora o País comece a tratar do tema. "É uma questão invisível que, no Brasil, toma proporções gigantescas, também pela dimensão territorial e por outros problemas sociais, muitos agravados nos últimos anos", avaliou.
Mercado de Trabalho
A Secretária da Política Nacional de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Laís Abramo, citou dados que apontam o cuidado do lar como o principal motivo de mulheres desempregadas sequer tentarem entrar no mercado de trabalho.
"Mulheres em idade ativa que não estão no mercado de trabalho nem procurando emprego tem como razão principal o fato terem que fazer o trabalho de cuidado dentro da suas casas. Para os homens, esse percentual é de apenas 2%", afirmou.
A ministra do Tribunal Superior do Trabalho, Kátia Magalhães Arruda, disse que políticas públicas voltadas ao cuidado impactam em pontos que são mais importantes até mesmo que a economia. "Mais importante que pensar noção de PIB é pensar no impacto que uma boa política de cuidados pode trazer para o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano]. O que queremos, na verdade, é uma melhor vida para todas e todos.”
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