Projeto premiado pela Funarte capacita catadores de recicláveis e bordadeiras no interior de MG, impulsionando a economia criativa local

O projeto “Artes e Processos criativos no Cerrado Mineiro” foi um dos contemplados pelo Prêmio Funarte Artes Visuais Periferias e Interiores 2021/2022. De iniciativa do Instituto Milho Verde, a ação levou duas oficinas, gratuitas, para moradores do município de Serro (MG) – localizado a 240 km da capital mineira e com cerca de 20 mil habitantes.

Catadores de recicláveis e bordadeiras foram o público-alvo das atividades. Os encontros abordaram moda sustentável, reciclagem, marketing, costura, desenho e fotografia de produto, entre outros assuntos.

A primeira oficina, denominada “Diálogos e Processos Criativos em Arte”, foi realizada no Instituto Milho Verde. Nela, os alunos aprenderam a transformar os objetos retirados do lixo em itens de utilidade do cotidiano. Fizeram luminárias de garrafas de vidro e “pufes” de garrafas PET, por exemplo.

Segundo a oficineira Laura Roque, “a ideia foi aproveitar que essas pessoas trabalham coletando materiais”, para agregar renda às matérias-primas. “A reciclagem é muito importante e nós temos que fazer de tudo para que eles recebam um valor justo por esse trabalho fundamental de juntar e separar”, lembrou.

O segundo curso, chamado de “Modelando Habilidades Criativas”, aconteceu na sede do Grupo Bordados da Barra – coletivo de mulheres bordadeiras e agricultoras. Na capacitação, foram desenvolvidas roupas, como calças e blusas, com inspiração nas flores da Barra. No final, as peças de vestuário fizeram parte de uma exposição.

“Acredito muito na moda sustentável, na arte e na moda como forma de empoderamento e emancipação. E é o que me pulsa e eu cheguei ali e consegui perceber que tinha todo um espaço aberto para concluir esse trabalho”, explicou Raquel Ferreira, outra oficineira do projeto. Ainda de acordo com ela, foi “através da comunicação com afeto”, que foi viável desenvolver a capacidade das alunas. “E foi muito incrível perceber que tudo que elas achavam que era muito difícil, de repente era muito possível”, disse.

Ambas as oficinas ocorreram nos meses de março e abril. Ao todo, foram capacitadas 22 pessoas, que poderão repassar o aprendizado para seus amigos e familiares, gerando novas oportunidades de trabalho e renda – desenvolvendo, assim, a economia criativa.

“Eu gostei muito do curso porque eu já mexia com reciclagem”, falou Eva Ferreira – uma das alunas beneficiadas pelo projeto. “Vou levar para a minha comunidade, para a gente seguir em frente.” Emocionada, Angela Oliveira expressou gratidão em fazer parte da iniciativa. “Todas as bordadeiras estão agradecidas por essa porta aberta e aprendizado que tivemos”, finalizou.

Sobre o edital Periferias

Realizado pela Fundação Nacional de Artes, o Prêmio Funarte Artes Visuais Periferias e Interiores contemplou, em sua segunda edição, 16 projetos com R$ 50 mil cada. O objetivo foi realizar oficinas temáticas presenciais na área de artes visuais. As atividades precisavam ser desenvolvidas em periferias urbanas com características de vulnerabilidade social e econômica ou em cidades com população de até 150 mil habitantes.

As oficinas abordaram as artes visuais em suas práticas convencionais, contemporâneas ou aplicadas. Com as ações, a ideia foi apresentar ferramentas para tornar a produção artística uma atividade economicamente sustentável, além de oferecer noções básicas de planejamento financeiro e marketing para os participantes das aulas. Dessa forma, é possível promover a economia criativa e gerar emprego e renda para a população.

Acesse aqui o vídeo final do projeto “Artes e Processos Criativos no Cerrado Mineiro”, no YouTube da Funarte.